24.11.05

A cama de Procrustes

A cama de Procrustes deu lugar ao "famoso" mal-entendido de Procrustes (The Procrustean Fallacy).
"Famoso", enfim, talvez em alguns sectores mais intelectuais, familiarizados com o conhecimento de antiguidade clássica.
Pesquisei, li e investiguei e cá vai o que encontrei, porque o tema me pareceu actual.
Mal o povo de Atenas tinha acabado de introduzir a democracia, o Areópago (o Areópago era o mais antigo tribunal de Atenas e até 462 a.C. o poder judicial estava-lhe totalmente reservado) encarregou Procrustes, membro da Academia
Ateniense, de efectuar uma investigação empírica sobre a desigualdade entre os atenienses, recorrendo a processos de aferição psicométricos e fisiométricos.
O instrumento de medição foi a sua cama, nas quais fazia descansar os viajantes que passassem por seus domínios.
Os mais altos eram decepados e os mais baixos esticados, de tal modo que, no final, ele informou a Academia de uma realidade: todos os Atenienses eram iguais.
Naturalmente, Procrustes entendeu mal o significado da democracia e da desejada igualdade.
Quantos outros Procrustes existem ainda, embora com métodos mais suaves?
A igualdade perante a lei e perante os direitos políticos nada tem a ver com a igualdade física entre o ser humano.
Contudo, é hoje evidente que, se por um lado a democracia não supõe a igualdade dos homens, por outro, infelizmente, ignora a sua desigualdade.
No final da história contada, Procrustes provou o seu próprio mal. Teseu, Rei herói ateniense, filho do Rei Egeu (ou deus do Poseidon) e companheiro de aventures de Hércules, castigou Procrustes na sua própria cama.